quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

...

A verdade é que nunca quis acreditar que isto um dia tinha mesmo que acontecer. E que há-de acontecer a todos nós.

Quero acreditar que o Pai já não aguentava com saudades tuas e que estão os dois, finalmente, juntos.
Vai doer assim até quando?

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Avô

Penso sobre ti vezes sem conta. A verdade é que sempre tive medo que isto chegasse, sempre tive medo que te levassem da minha beira... E agora foste. Morreste-me. E eu não estou a conseguir aceitar isso. Não estou a conseguir, outra vez, habituar-me à ideia do "nunca mais".
Nunca mais te vou ouvir, nunca mais te vou ver, nunca mais te vou sentir. Nunca mais vou ouvir chamar-me Sarinha, nunca mais ninguém me vai mostrar com tanto amor os meus trabalhos da primária que mostravas cheio de orgulho a tanta gente.
Desculpa se algum dia te falhei. Desculpa se algum dia tiveste saudades minhas e eu não estive lá, a encher-te de beijinhos, com muito cuidado para não te atrapalhar. Desculpa.
Sei que agora de nada me serve, mas... Caramba avô.
Não quero ser egoísta, estavas cansado e talvez o Pai estivesse a precisar de ti...
Descansa agora. Descansa meu amor. Descansa.
Por cá vai continuar tudo igual, vamos tentar cuidar da avó como tu cuidavas.
Quanto a mim, acho que vou sempre esperar pelos teus passinhos de lã de cada vez que bater à tua porta. Vou esperar sempre que sejam os teus olhos azuis que venham espreitar à porta. Vou esperar... Vou esperar... E, por favor, dá-me forças para aguentar o resto da minha vida, sem ti por cá.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Outono


 
«Hoje só por ser diferente te encontrar, 
É tanto o fado contra nós mas nem por isso estamos sós e
embora fique tanto por contar... Hoje, só por ser Outono, vou...

Entre dentes, entre a fuga, vou chamar-te "meu amor"
Enquanto não se encontra forma, vou chamar-te "meu amor"
Entre gente que é demais e tão pequena para saber que é tanto vento a favor mas tão pouco o espaço para a dor... Só pode ficar tudo por contar...

E há flores e há cores e há folhas no chão que podem não voltar...
Podes não voltar.
Mas é eterno em nós e não vai sair...

Por ser tanto quanto somos. Certo quando vemos. Calmo quando queremos
Hoje, só por ser Outono, vou...»