terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A propósito dos 100happydays

Mais do que perceber o que é "amar", sempre me questionei onde começa esse sentimento. Muitas pessoas gostam de quem lhes faz feliz, quem as preenche. Outras pessoas gostam quando cuidam de alguém: não tanto pelo prazer de receber, mas pela alegria de cuidar. Sendo consensual que quando duas pessoas se amam, estes sentimentos - dar e receber - serão recíprocos, já fica a dúvida quando se procura saber onde eles começam... Isto é, somos nós que gostamos daquela pessoa, ou amamos pelo que aquela pessoa provoca em nós?

Defendo que o que sentimos por alguém começa nesse alguém, e não em nós. Mais do que somos e da maneira que gostamos, é o que a outra pessoa é, o que a outra pessoa faz, que nos provoca a reacção. Assim, quando se gosta loucamente de alguém, o mérito não será apenas nosso, mas muito mais da capacidade do outro despertar tal loucura na nossa cabeça, coração e afins..
Defendo também que estas coisas não são estáticas: não se gosta desde sempre, nem sempre da mesma forma. O que liga duas pessoas resulta de ciclos de vai-e-vem, de causa-efeito. O segredo de uma relação não tem assim a ver com o princípio, mas antes com a capacidade de construir. Não tem a ver com o que se sente num determinado momento, mas com a capacidade de re-viver esses laços. De os manter sempre num ciclo crescente, que se repete, às vezes com coisas novas, às vezes com as costumeiras coisas velhas. Aquelas já tão nossas, que nos sossegam só de as saber. Só de as repetir.

É ter a certeza que é a tua pele que faz da minha mão tão especial quando te toca, mas que é o carinho da minha mão que te faz tremer a pele. É ter a certeza que é o teu olhar que prende o meu, mas que é o meu olhar que emociona o teu. É ter a certeza que tens o melhor de mim, não só pelo que sou, mas muito mais pelo que me fazes ser.