terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Avô

Penso sobre ti vezes sem conta. A verdade é que sempre tive medo que isto chegasse, sempre tive medo que te levassem da minha beira... E agora foste. Morreste-me. E eu não estou a conseguir aceitar isso. Não estou a conseguir, outra vez, habituar-me à ideia do "nunca mais".
Nunca mais te vou ouvir, nunca mais te vou ver, nunca mais te vou sentir. Nunca mais vou ouvir chamar-me Sarinha, nunca mais ninguém me vai mostrar com tanto amor os meus trabalhos da primária que mostravas cheio de orgulho a tanta gente.
Desculpa se algum dia te falhei. Desculpa se algum dia tiveste saudades minhas e eu não estive lá, a encher-te de beijinhos, com muito cuidado para não te atrapalhar. Desculpa.
Sei que agora de nada me serve, mas... Caramba avô.
Não quero ser egoísta, estavas cansado e talvez o Pai estivesse a precisar de ti...
Descansa agora. Descansa meu amor. Descansa.
Por cá vai continuar tudo igual, vamos tentar cuidar da avó como tu cuidavas.
Quanto a mim, acho que vou sempre esperar pelos teus passinhos de lã de cada vez que bater à tua porta. Vou esperar sempre que sejam os teus olhos azuis que venham espreitar à porta. Vou esperar... Vou esperar... E, por favor, dá-me forças para aguentar o resto da minha vida, sem ti por cá.

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